segunda-feira, 22 de abril de 2013

São Januário completa 86 anos neste domingo (21)


Por ser um estádio de fachada belíssima, reconhecido internacionalmente e um dos melhores lugares para se assistir futebol no mundo, o torcedor do Vasco já teria motivos suficientes para se orgulhar de ter São Januário como casa.  Mas um rápido passeio histórico pela trajetória do campo da Colina Histórica, cuja inauguração completa 86 anos neste domingo (21/04), fornece ainda mais razões para tornar essa imensa torcida bem feliz.
Nos primeiros anos da década de 1920, os grandes clubes da época se assustaram com a opulência e a força  de um certo Club de Regatas Vasco da Gama, que, em seu primeiro ano na elite do aristocrático futebol carioca, arrebatou, de forma avassaladora, o título do Campeonato Estadual de 1923. Formado por negros e operários em campo e com uma claque composta por portugueses e pessoas dos mais variados níveis sociais, os grandes clubes lançaram mão do preconceito social e racial para impedir o Gigante da Colina de participar da primeira divisão.
Não foi suficiente, resistimos, vencemos e tornamo-nos ainda maiores. Então, os grandes clubes da época exigiram que o Vasco tivesse um campo próprio para mandar seus jogos. Assim, em abril de 1927, a torcida vascaína mostrou a sua força e inaugurou aquele que foi o maior estádio da América Latina e atualmente é o maior estádio particular do Rio de Janeiro.  
O jogo de abertura, realizado há exatos 86 anos, foi um amistoso entre Vasco e Santos que terminou com vitória dos santistas por 5 a 3. O primeiro gol marcado aos 20 minutos do primeiro tempo, pelo jogador Evangelista, do Santos. A torcida vascaína comemorou pela primeira vez três minutos depois, com um gol de Negrito. A partir da inauguração do estádio, a vida do Brasil, do Rio de Janeiro e do Gigante da Colina passou a ter algumas de suas páginas escritas ali.

Pontapé inicial da partida inaugural de São Januário entre Vasco e Santos
Falar em São Januário é falar na história do país. Afinal, foi ali que Getulio Vargas falou às massas em discursos históricos, como o de 1º de maio de 1943, data da promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), marco na garantia dos direitos sociais dos brasileiros. Dois anos depois, Luiz Carlos Prestes discursou para milhares em São Januário, num comício realizado pelo Partido Comunista Brasileiro, em comemoração à anistia política. Isso sem contar nos desfiles de escola de samba realizados no estádio, em 1943 e 1945, ambos vencidos pela tradicional Portela.
Mas é quando a bola rola que o torcedor cruz-maltino sente toda a mística de São Januário. Foi ali que Roberto Dinamite marcou 184 vezes e se tornou o maior artilheiro do estádio. Foi no “gol da piscina” que Donizete e Luizão marcaram os gols da primeira partida da final da Libertadores de 1998 e onde Romário balançou as redes pela milésima vez na carreira.  Foi no sagrado relvado de São Januário que Edmundo se tornou recordista e marcou 6 vezes no mesmo jogo do Campeonato Brasileiro, em 1997. E foi ali que Alecsandro testou para o fundo das redes e colocou o Vasco perto do título da Copa do Brasil de 2011.
Por essas e por outras é que todo vascaíno vê São Januário como sua casa. Lugar de comoção, no qual o riso se confunde com as lágrimas de alegria, o impossível vira obstáculo facilmente transponível e o gramado vira cenário de glórias, lutas e vitórias históricas. Tudo isso embalado pelos cânticos da imensa torcida, que não titubeia e grita ao mundo inteiro que São Januário é o nosso Caldeirão!

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